JANEIRO - Introduções


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JANEIRO...
Introduções


29.Vamos Conversar
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Tem uma conversa que preciso colocar em dia, uma que um dia, há muitos dias atrás, se tornou afronta sadia, um merecer de ideias que a oportunidade sempre adia e que num momento apropriado se mostra contundente, o que me aprecia. Tenho acreditado que foi um momento marcante, que naquela oportunidade em diante, creio, demarcou muito que passei a pensar, o que passei a crer, o que ver, o que enfatizar na minha visão política, daquele tempo até hoje, no melhor da minha crítica. Vamos conversar, vamos nos apressar  nesta penteada falante que, em cores enervantes, me provocou pinturas vivas de um entendimento perseverante que me fez o homem, que hoje, instigante, tem prazer de relembrar, de reviver, e, até, por se entreter, me levará aos próximos escritos que promoveremos por esta nossa longa conversa.

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30... Conversar a Conversa que Tive
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Foi há tempos atrás, mas direcionou meus olhos, meu perceber, para lados que funcionam até dias de então, até este entardecer. A partir do mês que vem, depois de amanhã, vou dar pinceladas a uma conversa amena e “tam tam”, uma conversa espreguiçada que, como uma cavalgada, se mostrará explicadora, e, a pesar de muito amadora, desenhará uma realidade histórica, muito, até pré-histórica, dos lidares entre os homens, seus interesses, e a ganância que os consomem, para “serem o que terem” no sabor que todos vivemos cotidianamente. Vamos conversar aquela conversa que tive, aquela instrução leiga em profusão, que levantaram meus olhos do “meu umbigo”, e me fizeram acreditar que o mundo , como abrigo, era algo muito, muito, muitíssimo além de mim, meus interesses, e as vontades dos meus amigos.
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31... Que Tive com uma Conversa
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Isso mesmo, literalmente, por muito tempo vamos conversar sobre uma conversa que tive com aquela primeira conversa. Num linguajar de trabalhador, sem requintes de bom embromador, aquele homem da conversa, com sua fala inversa, denotou, como um dedo apontado à instância, conformou todo meu ritmo e significância ao que eu podia ver e compreender, sempre ao meu redor. Com muita conveniência, depois de uns vinte minutos de inferência, muitas construções passaram a se formatizar, o mundo ao redor passou a se polarizar, e, minhas vivências a se delinear a cada decisão e vislumbração da realidade. Não há bondade no outro, muito menos em mim; há sobrevivência até quando a bondade se mostra evidente no sorriso, no gesto, no abrir mão de um para com outros, até quando abrimos mão de nós, e do que temos, em benefício dos que não têm nada a nos dar em troca.

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FEVEREIRO...
Primeiras Conversas
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1.Talvez 1984
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Por aí. Naqueles tempos, quando já havia uma “Abertura Política”, partidarismos para eleições municipais, e até estaduais, e até eleições de Deputados e Senadores, exceto uns “Biônicos” sonegadores, foi nesse tempo mediano que minha conversa aconteceu com aquele “conversando”. É esta conversa que conversaremos nestes próximos dias e meses, é ela que vai me fazer instruir, muitas vezes, e, como adufes e instrumentos numa entonação embebida de retórica corteses, cantaremos, ávidos de “prosela”, os entornos baluartes destes falares que naquele momento conversei com cautela. É uma viagem, uma longa viagem, que, tudo começando naquele passar de rua e encontração, comigo e o conversador, vai desaguar em muito conversar, em léguas e léguas de andação de raciocínio e falar. Vamos, juntos, nos próximos dias, em diante, nos embevecer em tréguas constantes, para, de lados, muitas vezes opostos, nos conscientizarmos dos lutos sociais entrelaçados.
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2.Um Leigo como Eu e Todo Mundo
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A conversa aconteceu, um novo dia amanheceu, uma densa curtina de fumaça, aos meus olhos e entendimentos, desvaneceu, se mostrou mais transparente para conseguir ver, ou pelo menos iniciar o crescer no que vê, o que era tão óbvio e eu, e todo mundo, não conseguíamos compreender. O ser humano tem boa índole, acredita em tudo que aprende, confia em tudo que lhe dizem, tem a capacidade de ser defensor dos seus próprios adversários só porque eles lhe dizem que isto é ser humanitário, é ser concordante, é ser pacífico e tolerante. Eu, um leigo, eu e todo mundo, na conversa que mudaria minhas conversas, que mudaria meus olhos, ante as "travéssias", ante o poderio cultural e econômico que me fazia ser o que era, faz o mundo ser o que é, faz todo mundo se beirar na ignorância do que pensa que quer. A conversa mudou meu interior, mudou meu trato exterior.

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3.Direita nunca Fui, ou Fui?
. Nunca fui voltado para a Direita. Não fui assim, por entender do que se tratava, ou do que, a este respeito, se falava. Ou será que sim? Cresci ouvindo primos e posicionamentos radicais de Esquerda, o que fosse favorável aos ideários soviéticos e os ganhos de suas perdas. É, acho que isto me influenciou muito para que não me desviasse para a Direita e seu eterno intuito. Outro fator que me afastou, é certo, deste maligno laço explorador, foi a Ditadura de então, os gritos ofegantes para se sair daquele arpão que por mais de trinta anos instruiu por baixo de um “Milagre Brasileiro”, os preços mais desgastantes e imperantes que uma nação pacífica e ordeira poderia sofrer. Com certeza nunca fui de Direita, ao meu ver, mas os motivos para isto ainda posso me delongar a compreender. Nunca comunguei com este egoísmo dos ricos, nunca apostei na proteção, aos interesses deles, assumidos pelos milicos.
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4. 4.Sair do Extremismo
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Lá, naquele momento de antes, estávamos a conversar; eu, um leigo desenfreado, muito desinformado, mais um, dos tantos, vagantes, vivos mortos, sempre marchantes, pela vida escravizada escaldante, a serviço de um interesse maior, ingrato em flor, e falso solucionador do bem de tudo e de todos ao redor. Ouvi muito, escutei demais, e tudo porque insisti em me opor ao extremismo, o mesmo inconformismo que o partido do meu amigo se ajustava, se colocava, e se interessava em chegar ao poder, ao governo, aos projetos sociais do que diziam querer.  Era meu compreender, que cada conquista popular, pudesse realidade ser, por iniciativa de antemão, dos que seriam mais prejudicados com esta revolução. Crendo nesta tão divulgada mentira, que por si só, se engana e se azucrina, eu, como todos os zumbis, assumia contra meu bem, em si, o que pudesse me manter nesta vergonha contra mim.
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5.Não temos pressa
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Daquela conversa intenta, tão natural e sem preâmbulos; com aquela trevessa isenta, quão existencial mas com fortes êmbolos, muitas respostas eu obtive, muitas falas que se fizeram “norte”, que passaram a dar direções aos meus olhos e compreensões, meu pensar consorte. Uma resposta que ouvi, e que transcrevo aqui, foi do não haver pressa, resposta que se agitou como compressa, dando algum sentido ao que sei, para se entender aquele extremismo que antes deflagrei. “Não temos pressa”, foi o que me disse como instituição, como princípio ideológico de qualquer contrição, como base estratégica para a política convicção de quem tem olhos apropriados para ver o invisível à população. Há, nas dores da maioria social, carência de urgência, pelas doses cavalares de exploração; mas seguir por esta emergência, por causa das mentiras em suas abrangências, trará resultados convictórios contrários, escondendo, mais ainda, o engano silencioso e ignorante que apenas se mostrará hilário. Tudo deve ser conquistado sem pressa, tudo ficou muito claro nesta conversa, foi o que compreendi para então.

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6.A cada eleição
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Paciência”, “Não temos pressa”, esta foi a versa que obtive daquela conversa, este foi o refrão que ouvi sobre a caminhada perversa, o que o futuro exigia para quem gostaria de chegar mais longe. “A cada eleição”, a cada escuta que se fizesse à população, muitos passos, visivelmente, estariam compreensíveis para os alvos que estavam em construção. Desde cedo, até mesmo quando o Golpe ainda era a voz poderosa no poder, vários artifícios eram criados para que tudo continuasse a ser, a verdadeira revolução não se pronunciasse nas respostas populares do dever. A chamada Abertura Política foi outro jeitinho armado para que o povo confinado, não saísse das rédeas do conformismo, que os militares protegiam em nome do amor à pátria, a moral e o civismo. Os partidos permitidos e os proibidos, os que se juntavam e os que se anulavam, todo um processo arquitetado para que os reais governantes do capital, não saíssem do domínio universal que fazia o país ser mais um atado, todo este enorme mercado, a serviço de um estado maior, mais imponente, que se mostrando mais competente, anseia ter todo o globo sob sua jurisdição.
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7.O povo vai se conscientizando
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E... A conversa continuou, e olhe que com pouca prosa, muita trosa se alastrou, e por toda minha caminhada, pelo menos até  aqui, a presença dirigente daquela fala em mim calou, e meus passos e abraços, naquilo se fiou. A sequência daquela resposta bravia, dizia respeito, não só  à  falta de tempo, ou à falta de pressa, era o que dizia; a outra verdade, como consequência, que fazia parte das esperanças e estratégias do tal conversador, afirmou em sua aparência, que entendiam o povo iria se conscientizando ante as lutas deste andor. A população  estava em progresso, crescia em sua visão de descobrir-se, cada vez mais entendida e ingressa, cada vez mais atenta, ao seu contexto, ao aferir-se. Devagar e sempre, insistentemente e numa constante carreira a se alardar, o coletivo se materializaria em sua descoberta, o povo se mostraria em seu debandar, o povo se colocaria antagônico aos algozes que, historicamente, são inimigos a lhe escravisar.
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8.O povo vai saindo da desinformação
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Ignorante em todos os atritos, desinformados por todos os seus sentidos, o povo é aquilo de mais atrevido, o povo se mostra amante dos que lhe desinforma aos ouvidos. Levado de um lado para o outro como em peia, o povo se encanta com os cantos enganadores de sereia; ensaiado por grosseiras mentiras ventiladas, por inverdades favoraveis aos interesses famintos de riquezas empiladas, o povo é  coitado, se faz de acoitado, gosta de repetir sempre aposto: "me engana gente boa, me engana Direita boa, me engana que eu gosto". Naquela conversa que tive, naquele momento de esperança sem pressa, esta foi outra visão mencionada, a dor de uma gente explorada que se prazea na ignorância, que se nortea pela ganância dos que lhe dominam, aos que lhe merecem a obediencia. Com o tempo irão mudar, esta é a esperança debandeada; irão mudar, foi o timbre da confiança esbravejada; irão mudar, foi a palavra de ordem, a esperança dos que podem, o ardor ofegante do cantarolar.
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9.O povo vai se olhando mais
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Falando, ainda, sobre o povo vazio e domesticado, o povo que tinha prazer em ser astutamente enganado, povo que brigava para manter-se ludibriado, aquela conversa lançou luzes mais alvoraceiras, sobre as esperanças de um futuro promissor e libertário. A nação daquele tempo, o país que eu habitava naquele momento, era o alvo daqueles partidários de então, na conquista paulatina daquele entucado palavrão, a esperança contínua e sonhadora, de ver toda aquela gente desembarcando da canoa enganadora. “O povo vai se olhando mais”, dizia ele com seu sotaque sindical, grande parte da nação se tornaria providencial, desemburrada das mentiras hipnóticas que sempre ouviram contar, sem saber como se desvencilhar, apenas repetindo como se verdade fosse, perpetuando truques mágicos que mantinham algozes em suas poses. O povo se auto libertaria, era o tom claro e possante que aquela mente inovadora oferecia, era o que pretendia na busca de alcançar a minha mente teimosa que se sentia, mas que teimava em buscar apego nos falsos que, depois daquilo, era o que combateria, também.
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10.Eu mesmo nunca votarei
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Ele conversou, e conversou, muitos argumentos, naquela conversa, ele retrucou; uma vida inteira, de todo mundo, ele inteirou, e, calado, tudo, atentei, bebi tudo, empreendi o que me estava sendo dito, e, numa resposta simples que cresceu no correr do tempo que veio, apenas comentei: “Eu mesmo nunca, em você, no que você crê, votarei; no que você me diz”, continuei: “eu nunca, votar no extremismo, conseguirei, até mesmo, porque, em convulsão, do extremismo contrário eu já me afastava em debelante contradição.” Foi a minha resposta enxuta, o que eu tinha a dizer diante daqueles fortes e versáteis argumentos que a verdade imputa, foi a minha resposta ao que eu comungava em social, e ao que eu ouvia daquela doutrina potencial; eu disse tudo aquilo, desdisse quase tudo, depois daquilo, e, desdisse mais ainda tudo, todo o tudo, que fiz “com-aquilo”.
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11.Mário Amato – Capital

Ainda no meu processo de acordar, vivendo cada passo daquele meu crescer e debrochar, na minha crendice imaculada, na minha visão leiga, curta e despreparada, teve momentos que olhava uma Fiesp, por exemplo; um Mario Amato naquele fatídico tempo, e acreditava na boa intenção do capital, praticando o inconveniente experimento. Até carta enviei para aquela figura, até elogio rasguei ante aquela amargura, era o meu processo de crescer, de fazer, involuntariamente, aparecer, o tão evidente que aquela conversa me fez, e me faria entardecer. Capital? Interesse de progredir alguma região?, desejosa de contemplar o desenvolvimento de alguma população? Era um engano que eu precisava passar, era uma tolice que eu precisava, pessoalmente, contemplar, para saber do que, aquela conversa, em sua verdade, me tinha a demonstrar. Eu carecia escrever o que nunca mais escreveria, eu precisaria viver cada segundo daquela mentira, daquele engabelo que se atrevia, para adultar com paixão, o que vejo, o que sinto, o que lembro, daquela sábia conversa de então.
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12.Globo, Folha, Estadão, e outros
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A conversa, também, abrangeu as mídias de então, os grandes jornais, as grandes televisões, os muitos grandes rádios daquela versão. Globo, Folha, Estadão e outros tantos conglomerados existentes naquele tempo tampão; as famílias de notícias que cobriam o país e a vida cotidiana política e social do nosso Brasil, aquela conversa foi longe, mais longe do que realmente naquele momento foi formando aquele perfil; e, depois de alguns anos, hoje, eu posso contemplar a lonjura que tudo aquilo me encaminhou, o passo largo e frutífer que toda aquela conversa me confiou, a construção cicadã que minha mente, minha visão, meu entender pronuncia, a confissão ingênua que minha clarividência efêmera, naquele dia, até hoje, se evidencia. Foi aquela conversa, a multidão de poderosos meios de comunicação, o formatar de tempos que as notícias mal contadas, ou exageradas se mostrou em pulsão. Foi aquela conversa, o cancioneiro de trovas marcadas, que infames se mancava, para que a verdade se escondesse, o poder econômico se envaidecesse, e a população refém, em sua tolice e desinformação escolhida, se conformasse com os que tem, e se tornasse, voluntariamente, proteção atrevida.
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13. Franco Montouro, Mário Covas, 
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Aquela conversa, daquele dia, me lembrou nomes, líderes que se mostravam comedidos, de centro, da luta política, codinomes. Lembrei de Montouro, de Covas e de alguns outros que lideravam o que parecia uma luta de verdade, lembrei de atitudes, decisões, um cancioneiro real de prováveis liberdades. Foram, naquele momento, para aquela conversa, a certeza que eu estava certo, que eu tinha fundamento, que não precisava pressa. Aqueles nomes, com outros que eu conhecia por ouvir falar, eram como músicas apropriadas para me manter aquietado, para nunca me fazer apavorar. Tudo parecia que eles estavam no controle do nosso bem, tudo parecia que eram nossos heróis para aquele truculento tempo de abertura política, como para ninguém. Foram nomes que me acompanharam por muito tempo, que me fizeram acreditar que nenhum contratempo, poderia impedir que deste jeito, aos meus olhos, e de tantos infantos como eu, deixariam de ser nossos grandes alentos.
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14.Filhos da Ditadura
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Por outro lado, ao contrário dos nomes que me davam confiança, mesmo que falsa, naquele tempo e naquela conversa e "constança", eu tinha outros nomes, na ponta da língua que apontava para toda minha desconfiança, uns quatro a seis políticos que nomeados filhos da ditadura, se enriqueceram, juntaram poder e curvatura, sendo os heróis defensores das mentiras que se propagava, os eleitos homens que representavam as agruras que toda imposição capital se nos formatava. Eram o extremismo que eu fugia, o que me afastava de outro lado extremo que me convocou para aquela conversa frutífera que surgia, foram eles que me empurraram a ver, saber e buscar viver, foram eles que me jogaram para o lado que aquela conversa em mim, se fez ser. Na Bahia, em São Paulo, Maranhão, Sergipe e Pernambuco, em cada canto do país, para se manter na crista da onda, a ditadura se fez cercar destes "trambucos", de gente doente e aproveitadora, que, melhor do que ninguém, instalou tentáculos de ventanas poderosas, nas justiças-demências e em todas as instituições favoráveis aos apoios para a manutenção de suas maléficas influências.
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15.Valdir Pires na Bahia

Mais por outro lado ainda, ao contrário daqueles nomes que me davam falsa confiança, e dos filhos da ditadura e suas abastanças, naquele tempo e naquela conversa empolgante, um outro nome se despontou na minha conversa tratante, Valdir Pires, esse nome, que anos depois, mais do que muita gente, tornou-se um ponto de vista intransigente. Fui ouvinte muito atento, as conjunturas se passaram a demarcar, fui ouvinte naquele evento, e, cidadão, meu entendimento passou a se pronunciar. Vi ônibus irem, ao governador, expedidos, exigir que fizesse o que antes se fazia nos desgovernos autoritários, vi esses ônibus voltarem decepcionados e aprendidos, que o governo era outro, não repetiria a perseguição dos antigos arbitrários. A Bahia já era outra, a defesa do outro estava a se moldar, no Estado os vislumbres da velha ditadura, já se apagava diante daquele céu a ensolarar. Aquele nome me fez muita diferença cabível, para que aquela nossa conversa de então, pudesse sempre ser preferível, nas pinturas e pinceladas pesadas que meu entender, sem pressa, se tornasse paixão.
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16.Nem Direita, nem Esquerda

Nem uma coisa, nem outra; nem um extremo, nem outro; nem pra um lado, nem pra outro; este era o meu dote, este era o meu mote, dele eu não poderia nunca me afastar, aquela ideia era eu mesmo, eu não gostaria de me abrandar. Manter-me no centro, descansar das opiniões desconfortantes, as de sempre apelantes; tomar posições que amargam verdades, que tiram pessoas de mentiras de felicidade, era algo que eu não queria para mim, não me era motivo de deixar de ser assim, e, estar naquela conversa inicial, naquela tarefa primordial, foi o tom que me formou, e tem me tornado, que tem me levado a olhar o que não olhava, a ver o que não via, conversar o que não conversava, e sentir o que não sentia. Mudou, não era mais para estar no centro, ou Direita ou Esquerda, eu precisava assumir; num turbilhão à espreita, mesmo com perda, não deveria mais calar, não poderia mais me espreitar, era meu papel pessoal, convergir.
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17.MDB, Movimento Democrático Brasileiro
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E o tempo ficou, e o tempo passou; de MDB, o tempo construiu o PMDB, e neste ímpeto finquei meu crédito, no centro daquela política, plantei minhas convicções e méritos; era a minha resposta para aquela conversa dramática, era minha imposta para aquela minha pressa "infleumática". Era como uma poesia para enfrentar um imenso dragão, um monstro tão grande que ia além dos limites da minha nação, que ia muito além das fronteiras da minha visão. O tempo mostrou que aquele Movimento era pequeno, não tinha ambição; aquele partido seria, cada vez mais, muito pequeno, para cobrir as extensões da minha impressão. Naquela conversa iniciante, naquele tempo que nossa gente saia de um mal para outro, sob o julgo  de um mal maior e delirante, aquele Movimento era meu encontro comigo, com minhas fantasias, com minhas certezas e minhas alegrias; era o momento de rever meus fomentos, a espertice que imaginava ter como solução para todos aqueles intentos. Aquele Movimento era fraco, apenas uma outra cara que juntava, de novo, a permanência do mal poder e seus conservados cacos.
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18.Brizola e Lula
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Para o meu conversador, na andança de suas afirmativas e argumentos, dois nomes se despontavam como instrumento, arma e lenimento: Lula e Brizola. O segundo com suas posições claras, bem centradas, e completamente alinhadas ao desejo altivo do povo em questão; era a verdade inusitada que nem a ditadura conseguia calar nos noticiários da comprada televisão. O primeiro, falando menos, mas em discurso que empolgava os sindicatos e a massa trabalhadora antiga, era o grito calado, que todo brasileiro atado, gostaria de ver e viver em suas cantigas. Os dois faziam coro no coração do meu amigo conversador, os dois, juntos, faziam música na versão dele, comigo, no auge daquele falar empolgador. Eram duas estrelas de esperança que cintilavam aos olhos dos argumentos que estendia, dois sóis incandescentes que fulgurava no céu que aquela conversa pretendia. Eu estava bem ali, pessoal, ouvindo tudo, bebendo tudo, mesmo que minha ignorância política não permitisse, racional, ver além das fronteiras maculadas de um centro doente e caduco que tendia e atendia, intencional, a vigorosa vontade e interesses da direita nacional, que, coitada, muitas vezes inconsciente, vivia a serviço escravo de um poder maior, mundial.
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19.Ulisses Guimarães
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Lá estava a nossa conversa, que, sem pressa, me debruçava em olhares sobre os cães, uma confiança libertária no homem-político, Ulisses Guimarães. O “Presidente da Oposição do Brasil”, frase célebre que dava autoridade irrevogável ao líder, que se fazia líder, naquele tempo de bagunça viril. Nos tempos da minha primeira eleição para presidente, quando eu estava no auge das reais lutas internas e imprudentes, chegou o momento de assumir as primeiras definitivas patentes, tornou-se essencial que eu descobrisse os lados, e que lado me seria prudente. Assumi o centro, nem direita, nem esquerda; não me levei pelos extremos, não me deixei levar pelos lados do que considerava perdas; fiquei em cima do muro, não me dei espaços para mover-me a qualquer dos lados em pulo; fiquei na ignorância e tolice, no não tomar posição, manter-me na carolice que o medo me fazia assumir, por outro lado, favorecendo aquela mesma, de sempre, mesmice. Ulisses era minha esperança, ante a minha acomodação e destemperança, ele era um muito, para mim, que nunca mudaria o tudo que existia enfim. Ele era o muito que, naquele momento, todo o tudo, entre outros candidatos também, seria o legítimo representante dos interesses dos que sempre estiveram no poder do aquém.
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20. Ermírio de Morais

Nos tempos daquela primeira e graúda eleição, aquela conversa mostrou minha infância frenética no raciocínio da minha reflexão, na matize ferrenha da inválida, tola e transitabilidade da minha visão; o empresário Ermírio de Morais, aquele homem que parecia o sonho dos sonhos, a rasteira que ao incômodo proponho, acreditar que o grande e empoderado capital, amaria seu mercado, seu jardim de ganho nacional, mesmo que tivesse que abrir mão do seu lucro, do sustento de sua ganância imortal. Eu acreditava, muita gente acreditou, era um candidato apropriado, do jeito que a mídia sempre construiu e aprovou, uma outra opção da Direita para manter-se no seu estorvo, no castelo deslumbre, nos ganhos do governo, na destreza do fragor. Por um ou outro momento, tornou-se o alvo do meu voto, a atenção do meu ouvir, compreender seu entusiasmo foi meu grampo, cair naquela lábia foi meu pranto, mas, foi uma das portas largas que me serviram pra sair. Parecia sincero, e dentro dos seus limites cidadãos, claramente era o que era, mas acima dele próprio, das suas vontades e velejos, ele mesmo se enganava em toda aquela confusão. Nunca entenderia um pobre, nunca compreenderia a carência que, a todos, encobre; seria, e jamais o contrário, um “bacana” liberal, outro a mais usando seu particular potencial para manter o status quo de um mercado oficial.
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21.Sílvio Santos

Na minha crendice de eleição, na primeira vez que votaria para presidente do meus país, tentando manter a ignorância de tudo, como forma de descansar no que nunca me deixaria descansado e feliz, outro nome popular me surgiu, até porque ele mesmo na caminhada, quase no fim, emergiu e desarrumou os rumos dos nomes que a Direita impunha naqula corrida apavorada.  Sílvio Santos, o empresário voltado ao povo, carismático e espirituoso, que estava ali, por vontade própria ou pela emergência da economia e suas vontades fúteis e impróprias. Eu, no meu canto bem ao centro, como eu acreditava, não enxergava que o extremo que do outro lado eu corria, era amparado, neste lado que eu chamava meio, por nomes tão robustos, emplacadores, que eram o próprio capital sem alforria. Eu estava para votar naquela aparente melhor opção, achava que governar o Brasil era como dirigir um império econômico e fazer televisão. Mas, aconteceu que a legislação nos libertou daquela efervescente ilusão, Silvio Santos voltou para as tardes do domingo, e o Brasil para se compreender e também aos gostos dos gringos. Foi justamente o que aconteceu, nos discursos que sobraram e ao final, a todos, se floresceu, dando margem para que absurdos de absurdos se formasse como algo natural e brutal, que nunca veio ser punido por uma Direita que já tem assumido a política, a economia, o judiciário e o “escambau”.
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22. Lula e Collor

E a minha primeira eleição chegou, eu elegeria o presidente do país, eu votaria em quem me agradou. Esquerda e Direita se justapuseram, as duas opções antagônicas se propuseram, e o povo estaria para escolher entre o bem e o mal para ele mesmo, ou para os outros “de tal”. Um extremo e o outro, e agora, o que eu deveria fazer? Na minha luta interior, na minha dúvida posterior, diante da televisão, eu teria que assumir uma, a minha melhor decisão. Collor tinha uma boa conversa, o “Caçador de Marajás” construído pela mídia, estava em destaque, e, com isto, ele tinha muita pressa; mas não foi o que conseguiu, as somas e divisões de seus eleitores, o segundo turno, lhe conferiu. Lula, o metalúrgico, um operário sindicalista, não tinha nenhuma prerrogativa, aos poderosos, para governar os poderes econômicos de nossa gente pessimista. Dois homens, dois pontos em conflito, o Capital e o Trabalhador, repetia-se, no Brasil, o eterno antagonismo sempre doloroso aos aflitos; foram o que sobrou de todo o processo daquele momento, duas conversas distintas para aquela conversa que tive, refletindo o engajamento.  Era o meu segundo de apreensão, o auge de uma história em revisão, o exato tempero que eu precisava, naquele instante de vida, para, assumir de vez, a minha confluência, o cancioneiro que, não mais, me escapava. 
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23.Ouvir Lula

Nas eleições de 1989, lá estava eu no covil; me preparando, de muitas formas, para votar, era minha primeira vez, no próximo presidente do Brasil, na pessoa que nos deveria governar. Collor à Direita, na vida, no debate e na vaidade, ou Lula à Esquerda, na lida operária, no embate global, e na sempre inusitada verdade. Um ou outro, foram as opções que me chegaram, agora teria que ouvi-los, agora, era os que me falavam. Aquela conversa anos atrás, aqueles temores aos extremismos, tornava-se aquela conversa, dos debates por detrás, tornava-se aqueles visores do mesmismo. Direita e Esquerda, Explorador e Explorado, Capital e Trabalhador, era tudo exatamente do jeito que era, era toda a verdade social, sem tirar nem por. Dois extremos, o que eu corria às léguas, não havia a opção de ficar fixado em tréguas, eu teria que tomar uma posição maior, não iria escolher um dos extremos mas terminei sendo empurrado pelo extremismo pior; não poderia nunca votar em Collor com tudo que ele representava naquele momento da história, e aquela velha conversa de então, veio me encravar numa nova trajetória. Foi quando comecei a ouvir o extremo daquele diálogo com meu amigo, foi quando passei a dar ouvidos aos argumentos daquela conversa de discurso antigo; naquele segundo turno, na ação midiática e capitalista de ferir a Democracia para seus interesses egoístas, meus olhos focaram nas verdades realmente altruístas, que, em minha ignorância contra mim, sempre resisti a entender, naquelas tão claras verdades que minha tolice fazia questão de não parecer compreender.
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24. Nunca mais votar diferente
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Nas minha primeira eleição para Presidente da República, e para o país inteiro, depois daquela tal Ditadura Militar, eu assumi uma posição, particular, minha, mas muito pública, eu assumi, de verdade, a minha clara convicção de querer a Esquerda me governar. Ouvi Lula, ouvi o discurso inflamado de um operário aclamado, que trazia a realidade da exploração rebanha que dominava o mundo, da exploração rebanha que dominava o Brasil, empurrando-o para o fundo. Ouvi tudo aquilo, e parecia que meu amigo de tempos atrás, estava ali, na tv, tentando mostrar o que se não vê, o que não se consegue perceber, o que não lhe é permitido antevê. A conversa daquela amizade, o discurso daquela autoridade, os olhos que me foram abertos por minha vontade, tudo isto contribuiu para que nunca mais pudesse votar diferente, nunca mais tivesse o direito de ser, a mim, ao povo, ato tudo, infringente. Depois de tudo aquilo, depois de tudo isto, não mais consegui votar em pessoas, em personalidades, em conversas e amenidades; depois de todas aquelas experiências em minha vida, não mais consegui eleger, para minha representação política e social, nomes que se dissessem semelhantes à minha lida, gente falha, improvada, que se mostrasse solucionadoras de mentiras que se plantassem como verdade fatual. O segundo turno daquelas eleições fecharam minhas portas abertas para enganos próprios ou alheios, não haveria mais espaço para perder tempo tentando ajustar mentiras ao que fossem meus anseios. Daquele momento histórico para cá, o meu voto sempre foi e será, qualquer que seja a situação, qualquer que seja a divulgação, sempre singular. Voto em idéias e propostas, voto em tendências e história; voto em legenda que me dá tais respostas, voto em programas que atuem para tirar-me de mim, e do que me seja sedução vexatória.
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25. Greve de hino nacional
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Depois das eleições para presidente, quando no segundo turno, o país rejeitou o governo de seus próprios interesses prementes; depois da decisão definitiva de não votar, nunca mais, ao contrário daquela missiva; depois, muito depois daquela conversa que me norteou ao futuro, e que me deu noções da luta permanente que o capitalismo propõe em continuado enduro; uma greve inconsciente me ocorreu, uma atitude nova que me concebeu: não conseguir cantar o hino nacional de um povo que insistia em continuar viver aquele despropósito carnaval de cantos e acalantos contrários ao seus anseios, necessidades e carecer. No silêncio indignações, sem ter que contar aos outros sobre aquelas minhas imprecações, meus lábios não conseguiam se mover naquela civilidade, não conseguia se rever cantando o que aquele hino afirmava sobre liberdade. Na tristeza e decepção do meu descontentamento, na lonjura escarnecida do meu doer em todas as cores de um lamento, meu coração não conseguia cantar o que a massa inocente cantava, não conseguia entoar a música cívica que a aparente nacionalidade conseguia esconder pela comunicação de uma Direita cínica. Todo mundo cantando, muita gente se esgueirando no que pensavam querer cantar, e eu, no meu silêncio impaciente, buscando refúgio incandescente, nos meus motivos de greve, nas minhas razões de protesto de quem se atreve, não querer, na cegueira continuar, o que a grande massa não conseguia enxergar.
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26.Um país contra si mesmo
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As eleições passaram, o primeiro presidente do Brasil foi eleito, depois da Ditadura Militar; meu voto vencido se recolheu, mas passei a ser um daqueles que meu amigo dissera, naquela conversa, que era de se esperar; eu, como muitos, depois daqueles turnos de audição, reflexão e deflagração, estava, agora, entre os conscientes que deveriam estar na marcha política da mudança, o verdadeiro teor do “a pesar de você, amanhã há de ser, outro dia” da boa esperança; estava incluído entre os que estavam num país que ainda fazia questão de ser e agir contra si mesmo; um povo que fazia exaustão em se manter no seu próprio esmo, como alguém apavorado, calado, enganado, provocando seu tenesmo. Era eu e muitos, exatamente como aquela conversa antiga havia previsto, era eu e muitos, depois daquelas eleições, numa intriga frenética sem nenhum imprevisto. Uma coisa era certa, e tudo que meu amigo me dissera se fazia realidade, mais gente, muito mais gente, talvez mais do que ele imaginava, estava se somando no corredor da real-social-verdade, muita gente que se abria para esta versão, e nela se impregnava. A cada eleição, mais conscientes, e o tempo favoreceria a luta vital do trabalho; a cada votação, mais inerentes, os ventos interpelaria a bruta vitral do cangalho; e o Brasil marchava saliente, trazendo seus filhos comoventes a se encontrarem sadios em seu portal, nas praias violentas dos interesses egoístas do ingrato e malvado capital.
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27. Impeachment da Elite



Naquelas eleições, naquele segundo turno, Esquerda e Direita, como sempre, se confrontaram; uma perdeu, a outra ganhou o prumo, e as forças ganhadoras, agora, depois de tudo, se enfrentaram. A elite que se impôs com seu poderio como soldado, se dividiu em tendências funestas como um adágio inconformado. E, no meio de tudo aquilo que os ódios manifestavam, um novo grito se fez ouvir, vindo dos próprios campos governistas, então minados, o grito de impedimento a quem eles mesmos embriagavam. Nos auges destes interesses egoístas de maestria, pagaram de todas as formas para levar o povo manipulado às ruas, por motivos que o próprio povo não sabia. Não pintaram as caras para contrariarem seus algozes; ao contrário, pintaram por que eles mandaram, para fazerem espetáculo nas imagens que a Direita queria exportar ao mundo; pintaram porque um governo da elite, estava driblando os interesses em “conflite”, daqueles que, com muito apetite, queriam governar a massa por seus palpites. Massa de manobra, foi assim que tudo aconteceu, o povo aguerrido que vínhamos nas ruas eram marionetes da classe que enriqueceu; estavam lá só para uma coisa, brigar, como tolos, por aqueles que não conseguem sair do consolo, mesmo que, por expiação, fosse para defender suas contas bancárias, suas empresas, o luxo e a famigerada exploração.

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28. A Elite trouxe a Mídia
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Um homem foi eleito, um poder se fez aceito, um governo se instalou, e, com o tempo que passou, agora, o homem muito”querido”, o “Caçador de Marajás”, se passou como governo sofrido, se passava como desconforto em Alcatraz. As elites incomodadas com o governo que plantaram, que não atendia seus interesses como foi acertado e era de se esperar, tomaram posição contrária ao que criaram, batalha malvada para o povo, nas ruas, atentar. Na busca de salvar a pátria querida de seus cofres e ganâncias, na luta do tudo ou nada para um Direita que se fazia carismático; como sempre, na política produziram muita lambança, e no judiciário, suas tvs e rádios para o espetáculo do engano midiático. Esta foi a música do “Fora Collor” em sua entonação, esta foi a cantiga do movimento inflamado que alcançou a civilidade enganosa de uma nação; estes foram versos atônitos que encobriam a verdadeira notícia da realidade, a mentira que fazia parecer um espírito de nacionalidade, desinformados na rua, gritando com muita emoção, cegos com atrocidade, defendendo os interesses dos que lhe promoviam a dureza disfarçada da verdadeira escravidão. Os ricos pagando muito caro, parando tudo e todos, inclusive seus lucros de podridão; para ver um monte de gente colorida, verde e amarelo, na mente, no rosto  e no roupão, perambulando pelas ruas, se acomodando ao Vice que se dizia fiel às peraltices das tais elites nuas, o grande salvador do Brasil-minoria ser; o poder rico, poderoso, todo pomposo que, as rédeas governistas, não queria perder. Trouxeram a mídia, e, como sempre em sua desinformação, construiu toda a mentira, toda a deformidade da simulação; pareceram os apaixonados pelos interesses do povo, mas, apenas cumpriam um papel de embromação, sempre foi um jeito poderoso de manipular ignorantes, desinformados e os desenfreados-voluntários tolos de prontidão.

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29. A Mídia trouxe os teleguiados às ruas, os caras pintadas

Teleguiados, esta foi a melhor nomeação; gente fácil, briguenta, cega, surda, muda que se limitava a toda manipulação. Faziam com prazer, tudo que a mídia dizia que deveriam promover. Marionetes intolerantes contra o inimigo declarado, mas muito aconchegantes com os verdadeiros inimigos deles mesmos, e do desposto inconformado. Os “Caras Pintadas” promoviam todo alvoroço, se faziam ao governo, o pior dos caroços, refletiam com fidelidade os verdeiros interesses por trás de toda aquela atrocidade. Os poderosos donos da imprensa, as mesmas que serviram com alegria e destreza imensa, os ditames desavergonhados da Ditadura que, por eles, durara mais do que deveria, voltavam a dirigir os destinos "malocrentos" de toda uma nação, elegendo quem se juntasse a eles, depondo quem se afastasse das vontades deles. Essa imprensa mal falada, em seu constante pedestal de pavor, estava de novo corroendo a pátria com seu doentio  e injusto calor, manipulando e constrangendo, chantageando e “estorquendo” os que deles precisaram para chegar ao Planalto, aos que precisavam deles para manter-se longe de sobressalto, os que ameaçassem este quarto poder de impavidamente descer do salto. Naquele momento, o pior do Brasil não era a oposição, ela cumpria seu papel de representar os contrários ao governo, naquela fatídica versão; o pior do Brasil, eram os representantes comprados e beneficiados pelas elites, na política efêmera e no judiciário daquela ocasião, homens que fecharam os olhos para um presidente que atendia o Capital estrangeiro, em nome da modernização; mas que abriram os mesmos olhos truculentos, contra o mesmo presidente que, pouco atento, com ousadia tola e vaidosa, desafiou a cartilha meticulosa que a Direita sempre impôs, e lhe exigia.